falar de heavy metal sem falar de black sabbath é como falar de cinema sem mencionar o expressionismo alemão. a banda inglesa, formada em birmingham em 1968, não só pavimentou o caminho do gênero — eles basicamente desenharam o mapa. tony iommi (guitarra), ozzy osbourne (vocais), geezer butler (baixo) e bill ward (bateria) não estavam tentando criar um novo som, mas sim fazer barulho suficiente para que o mundo os ouvisse. missão cumprida.
o som que mudou tudo
enquanto o rock dos anos 60 ainda flertava com psicodelia e experimentalismo, o black sabbath mirou em algo mais denso, mais sombrio e definitivamente mais barulhento. a banda trouxe riffs pesados, letras carregadas de desespero e uma atmosfera que soava mais como um filme de terror do que como música para uma viagem de ácido. era blues distorcido até os ossos, com uma tensão palpável e uma pegada que, sem querer, definiu o que viria a ser o heavy metal.
tony iommi: o arquiteto do peso
se existe um nome a ser gravado na fundação do metal, é o de tony iommi. depois de perder a ponta de dois dedos em um acidente, ele adaptou sua técnica e abaixou a afinação da guitarra, criando um som mais grave e arrastado. foi uma solução prática que acabou se tornando a identidade do gênero. de iron man a children of the grave, seus riffs não são apenas marcantes — eles são estruturas inteiras sobre as quais o metal se ergueu.
ozzy osbourne: o caos em forma de vocalista
ozzy nunca foi o cantor mais técnico, mas ele não precisava ser. sua voz aguda e quase hipnótica era um componente essencial do black sabbath, trazendo um senso de urgência e insanidade para cada faixa. e se na música ele já parecia um personagem saído de um pesadelo lisérgico, fora do palco sua vida foi um verdadeiro reality show antes do termo existir. sua saída da banda em 1979 marcou o fim de uma era, mas sua carreira solo provou que o cara ainda tinha muito gás (e morcegos) pela frente.
geezer butler: o cérebro sombrio
se os riffs de iommi eram os músculos do sabbath, as letras de geezer butler eram a alma — e que alma perturbada. foi ele quem injetou temas como guerra, morte e ocultismo no repertório da banda, tornando-os ainda mais sinistros. além disso, seu baixo pulsante e groovado não só sustentava as músicas como também ajudava a dar aquele peso extra que diferenciava a banda de qualquer coisa que existia na época.
bill ward: o baterista invisível (mas essencial)
muitas vezes ofuscado pelo brilho de seus colegas, bill ward foi um dos bateristas mais criativos da sua geração. longe de apenas socar os tambores, ele trazia uma musicalidade única, misturando levadas de jazz com batidas pesadas e inesperadas. sua contribuição para o som do sabbath é tão fundamental quanto qualquer riff de iommi, mas a vida na banda (e fora dela) cobrou seu preço. entre idas e vindas, sua ausência sempre foi sentida.
o peso de um legado
o black sabbath não só inventou o heavy metal — eles estabeleceram o que significava ser pesado. cada álbum da fase clássica influenciou gerações de músicos, e o impacto da banda pode ser ouvido em tudo, do doom metal ao grunge. clássicos como paranoid, master of reality e black sabbath continuam sendo referência para qualquer um que queira entender de onde veio o peso que define o metal.
e se hoje o gênero segue vivo (e bem barulhento), é porque quatro caras de birmingham decidiram que música podia ser muito mais sombria, densa e assustadora do que qualquer um imaginava.




