barry feinstein sabia onde apontar a câmera. em 1966, quando bob dylan trocou o violão acústico por guitarras amplificadas e dividiu o público entre aplausos e vaias, feinstein estava lá, registrando tudo — do frenesi no palco à exaustão nos bastidores. o resultado? uma das documentações visuais mais emblemáticas da história da música.
bob dylan, londres, inglaterra, 1966
a transição que virou polêmica
a turnê mundial de 1966 não foi só uma sequência de shows, foi um choque cultural. dylan, que até então era o porta-voz do folk acústico, resolveu eletrificar sua música e, no processo, eletrificou também a plateia — algumas vezes de empolgação, outras de raiva. os puristas do folk chamavam de traição, enquanto outros viam ali um artista se reinventando diante de seus olhos. no meio dessa tempestade, a lente de feinstein captava cada expressão de desafio, cansaço e genialidade.
suas fotos não são apenas registros de shows, mas fragmentos de uma mudança de paradigma. há imagens de dylan imerso em seu próprio universo, outras dele encarando o público como se desafiasse cada um pessoalmente. é a materialização visual do turbilhão emocional e artístico pelo qual ele passava.

bob dylan, londres, inglaterra, 1966
bastidores, olhares e a essência do momento
se as apresentações ao vivo eram intensas, os momentos longe do palco não ficavam atrás. feinstein teve acesso irrestrito ao backstage, onde capturou um dylan introspectivo, cercado por sua banda e seu empresário, albert grossman. são imagens que revelam não apenas a dinâmica entre os músicos, mas também o peso do que estava acontecendo.
nos retratos de feinstein, dylan nunca parece apenas posar. seus olhos, muitas vezes semicerrados, sugerem tanto cansaço quanto uma espécie de resistência silenciosa. é como se ele soubesse que estava no centro de algo maior do que qualquer um ali poderia compreender completamente.
bob dylan, aust ferry, bristol, inglaterra, 1966
bob dylan, liverpool, inglaterra, 1966
bob dylan, liverpool, inglaterra, 1966
bob dylan, liverpool, inglaterra, 1966
bob dylan and albert grossman, londres, inglaterra, 1966
Bob Dylan, Birmingham, Inglaterra, 1966
Bob Dylan, Birmingham, Inglaterra, 1966
o legado visual de uma revolução sonora
feinstein não apenas fotografou dylan — ele documentou um momento de ruptura. cada clique de sua câmera cristalizou um pedaço de uma transformação irreversível, onde um artista desafiava expectativas e, no processo, moldava o futuro da música popular.
as imagens dessa turnê ainda fascinam porque vão além do mito. elas mostram um dylan humano, vulnerável e obstinado, no olho do furacão que ele mesmo criou. e, graças a feinstein, podemos revisitar esse furacão quantas vezes quisermos.
Bob Dylan, Birmingham, Inglaterra, 1966
Bob Dylan, Bristol, Inglaterra, 1966
Bob Dylan, Liverpool, Inglaterra, 1966
Bob Dylan, Liverpool, Inglaterra, 1966
Bob Dylan, Sheffield, Inglaterra, 1966